Nós chegamos na fazenda no final da
tarde. Nosso grupo era composto de cinco pessoas. Meus dois amigos dos tempos
da faculdade: Pedro e Mauro. E suas respectivas namoradas Elen e Priscila. O
intuito da viagem era, além de lazer, pura curiosidade. O lugar para onde íamos
tinha uma longa história. A fazenda pertencera a uma proeminente família do
estado de São Paulo nos anos 20 e 30. Os Albertino. Família com enorme destaque
na indústria, agropecuária e política do começo do século XX. Até aí igual a
inúmeras outras famílias brasileiras espalhadas de norte a sul do país. O
grande destaque dos Albertino era sua fama de ter possuído por muitos anos,
escravos negros em algumas de suas propriedades. Ou seja, mais de quarenta anos
depois da abolição da escravatura. Além disso, eles ficaram conhecidos pelo seu
entusiasmo pelo nazismo e ideais de eugenia. Diziam que na fazendo foram
encontrados diversos utensílios com a marca do terceiro reich. Desde quadros à
louça da cozinha. Também diziam que haviam tijolos em cantos diversos com
suásticas impressas em relevo. Ao que parecia, os donos do local – agora outra família
– tiravam proveito disso, alugando-a a grupos curiosos como o meu. Eu conhecera
na faculdade, com meus amigos, pessoas que tinham vindo passar um final de
semana na propriedade e falaram do quão incrível era o lugar. Além da natureza
exuberante, ainda havia a incrível história da família. Fomos recebidos por um
simpático caseiro que nos mostrou a casa e os limites da propriedade. Disse que
a fazenda tinha sido muito maior no passado. Que agora se limitava à casa
principal e um perímetro muito menor do que nos tempos áureos dos Albertino.
Havia um imenso engenho onde termina aquela cerca, apontou o homem. Perto da
divisão da fazenda ainda era possível divisar o alicerce marcando o chão
naquele ponto. O homem disse que morava perto e indicou o caminho. Eram apenas dois quilômetros
e podíamos contata-lo para quaisquer eventualidades. Depois que nos acomodamos
demos uma olhada mais minuciosa no interior da casa. Buscávamos sinais da
loucura da antiga família pela identificação com Hitler. Foi Priscila que
começou a gritar clamando para que fôssemos ver uma coisa. Nós a encontramos no
banheiro. Ela apontava extasiada um azulejo num canto com uma suástica.
Examinei de perto e não soube dizer se era uma peça original, produzida com o símbolo
ou se alguém pintara aquela coisa ali de algum modo. Mauro também observou e
disse que aquilo podia ser recente. Bem, não vamos nos desanimar, disse Elen.
Temos o final de semana inteiro pra descobrir as coisas. Uma hora depois
estávamos todos na sala, conversando, tomando vinho e fumando uma excelente
erva trazida por Pedro e Elen. Na sala havia ainda um enorme quadro à óleo do
patriarca da família. Irineu Albertino e Soares. Em uma breve pesquisa ficamos
sabendo que aquele tinha sido um homem de mão de ferro que consolidara o poder
de forma bastante tradicional: através do carisma, força política e econômica.
No que eu tinha lido, fiquei sabendo que certa vez ordenara à filha que se
casasse com determinado sujeito. O filho de um amigo, aliado político, jovem e
audacioso. A garota o rejeitou e o pai disse que ela se casaria com ele ou não
se casaria com ninguém. Ela adoeceu de desgosto e ele determinou que logo que
ela melhorasse, iria para um convento. A garota não se recuperou e disseram que
morreu na própria cama vítima de febres e desgostos incuráveis. Havia toda uma
rede de boatos sobre a família, seus poderes, soberbas e, principalmente,
maldade. Eu bem suspeitava que algumas coisas não passavam de histórias
inventadas ou exageradas, mas não podia deixar de crer que eles tinham sido uma
gente bastante cruel e dominadora. O pior de tudo, que não li em canto nenhum,
foi constatar, ainda naquela noite, que o casarão era assombrado. Terrivelmente
assombrado para além de qualquer dúvida...
terça-feira, 23 de abril de 2019
domingo, 14 de abril de 2019
HISTÓRIAS DE TERROR DE JORGE RASKOLNIKOV
Podcasts de contos selecionados e novidades em literatura de terror:
https://www.youtube.com/channel/UCx6A7BYe8h0reSMoRVoYuFA/videos?view_as=subscriber
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CONFISSÕES DE UM DEMÔNIO (Conto de terror)
Tomou
mais um gole de aguardente e acendeu o charuto e ficou olhando o demônio. De
uma forma indefinida de fumaça, ele trasmudou em um ser semelhante a um rato.
“O que mais espanta saber sobre nós é que temos muitas coisas em comum com os
seres humanos... Procuramos a satisfação e evitamos o sofrimento. Apesar de não
sermos feitos de carne e osso, podemos experimentar prazeres e padecimentos
como qualquer pessoa... Claro que a coisa é diferente, mas é bem semelhante...
Que mais quer saber?” O homem soltou a fumaça e perguntou quais eram os
prazeres preferidos por eles... “Ora, a gente se alimenta da energia emanada
por certos atos. Muitas das coisas que chamam pecados, embora o que a maioria
pense ser pecado, de fato nem seja. Em geral, a depravação das pessoas está no
topo das nossas alegrias. Quanto mais conseguimos controlar isso, maior é o
prazer...” “Vocês gostam de possuir os corpos das pessoas?” “Não!
Definitivamente, não! Isso é uma falácia do cinema, dos livros e de igrejas
espalhafatosas! Nós gostamos de possuir almas! Corpos? São apenas matéria
inferior. Esse lance de gente falando grosso, se retorcendo e virando os olhos
em geral é doença mental ou teatro. Se um demônio pudesse estar dentro de uma
pessoa porque escolheria o zé ninguém da periferia de Bangladesh e não o
presidente dos EUA para em seguida mandar bombardear o mundo todo? Nossa busca
é por influência, nunca conseguimos de fato habitar o corpo de ninguém... Não
que o presidente dos EUA não tenha demônios ou qualquer outro líder, mas é de fora
para dentro que agimos e não o oposto, além do que isso é limitado. Não dá pra
eliminar totalmente a liberdade de alguém...” O homem então perguntou súbito:
“Então não existem casos reais de possessão?” Alguns são reais, sim... Uns
tolos que forçam entrada e acabam causando aquele conflito que resultam em
problemas mentais, transtornos. Não é nada útil. Serve apenas de espetáculo.
Mas asseguro...” E nessa hora a criatura exibiu a pata em riste. “Difícil que
haja um ser humano que consiga afastar um demônio, por mais idiota e leviano
que este demônio seja. O maioria de nós não gosta muito dessa prática... Ainda
mais quando, digamos Lúcifer, leva a fama de estar ali pessoalmente atrás de
possuir um estúpido qualquer. Isso tudo não passa de bobagem. Os demônios que
se ocupam nisso são ridicularizados pelo outros.” “Então o lance de vocês é
estar perto e influenciar?” Por um instante a imagem do demônio variou de ser
semelhante a rato numa criatura ainda mais indefinida. Havia algo de instável
naquilo. “Sim. E creio que você sabe disso. Assim como sabe que há algumas
pessoas que não precisam de qualquer influência. Como você por exemplo!” O
homem riu bastante. “Você parece receoso”, disse. “Sim”, falou o demônio. “A
natureza desses seus assassinatos é surpreendente... Mesmo para mim.” Olhou em
volta com ar compenetrado para os restos mortais, sua forma variando, prestes a
virar fumaça. “Isso chega a fazer alguns demônios parecerem filhotes de
gazela!”
O DEMÔNIO NO ESPELHO (Conto de terror)
Quando criança,
William ficou tão impressionado com histórias de terror que decidiu dedicar sua
vida ao lado obscuro. E o fez, mas não como simples hobby ou interesse por
narrativas de filmes e livros. Tornou rebelde e inconsequente muito jovem.
Voltou-se a tudo que acreditava agradar ao demônio, desde atitudes heréticas,
atos subversivos e crimes. Sim, crimes! Roubo, extorsão, agressões, abusos
sexuais e em certa ocasião, auxiliou um amigo num assassinato. Se não matou
alguém com as próprias mãos, fora simplesmente por não ter encontrado situação
propícia. Intento que ansiava realizar em breve. Projetava matar alguém em um
ritual para que pudesse contatar o próprio demônio para obter favores. Mesmo
não sendo um homem de muita leitura, William procurou em livros, a orientação
para invocar o demônio. Tentou vários que não deram em nada. Com o advento da
internet, mergulhou no mundo das creepy pastas, mas, apesar da desatinada
imaginação, considerou tudo de caráter duvidoso e pouco prático. Cada vez mais
se convenceu de que somente através de um sacrifício humano poderia se
encontrar com, segundo sua própria denominação, o maioral. Dedicou-se com mais
empenho aos crimes visando uma situação financeira mais confortável.
Estabelecido em seu barraco, buscou selecionar uma vítima. Por algum tempo
pensou em atrair uma de suas ex parceiras sexuais para consumar seu objetivo,
mas acabou desistindo. Eram mulheres conhecidas do submundo que, embora não
fizessem falta a muita gente, podiam ser facilmente associadas a ele. Ele era
bem conhecido pela polícia e qualquer indicação traria as autoridades a sua
moradia. Não só haveria indícios do crime, como no barraco tinha todo tipo de
contravenção que se podia imaginar. De drogas, cartões de créditos e objetos
roubados, à armas. Não queria voltar para cadeia de maneira alguma. Resolveu o
impasse usando como sacrifício um travesti do baixo meretrício, novo na área.
Com sua fama de machão, dificilmente alguém espalharia o boato de o terem visto
com um homossexual. Matou o jovem à facadas, usou seu sangue para desenhar no
chão um pentagrama e ficou ali pelo resto da noite chamando o Diabo. Acreditava
que dessa maneira simples e direta, teria êxito, mas nada aconteceu.
Experimentou um terrível sentimento de frustração enquanto cortava o corpo da
vítima, arrumava tudo num saco para jogar córrego abaixo. Sentiu isso não por
empatia ou arrependimento do crime que cometera, mas pelo simples fato de ter
tanto trabalho e sujar as mãos. Continuou suas atividades criminosas,
lamentando a distância do demônio e do que poderia obter dele. Um dia, conheceu
um velho que lhe disse que poderia contatar o maioral chamando-o diante do
espelho no escuro, às três da madrugada. Mesmo sem entusiasmo, William o fez.
Em dado momento, percebeu que sua imagem no espelho começou a mudar. De uma
hora para outro, um rosto de olhos imensos, semelhantes a olhos de cobra, pele
avermelhada e escamas surgiu. O demônio começou a falar e para provar sua
presença, mudou sua imagem, primeiro para o de uma mulher bonita, depois para o
do travesti assassinado. Após isso, indicou um lugar para um roubo espetacular.
No outro dia, o marginal, profundamente empolgado, se jogou na empreitada com
um parceiro, mas foi detido sumariamente. Na sua cela, refez o ritual então o
demônio surgiu mais uma vez. Disse: Sempre estive dentro de você, não precisava
procurar em outro lugar. Sempre estive contigo, de graça! Por que então eu
deveria lhe dar algo em troca? William ficou desconsolado, talvez por isso nem
reagiu
HISTÓRIAS DE UM MENDIGO (Conto de terror)
Sempre,
depois do almoço, eu costumava sentar na praça e fumar um ou dois cigarros e
observar o movimento do centro. Era um momento de puro relaxamento em que eu
clareava minha mente para voltar para o trabalho. Numa dessas ocasiões se
aproximou de mim um desses moradores de rua e me pediu um cigarro. Confesso que
tive receio de ser importunada, de ouvir alguma gracinha, mas na mesma hora
imaginei como podia estar sendo preconceituosa. Dei-lhe o cigarro. Após
recebe-lo, ele se sentou na ponta do banco, pegou fósforos do bolso e o
acendeu. Agradeceu mais uma vez e começo a falar. Para minha surpresa, ele criticava
o abandono do prédio antigo que havia diante de nós. Falava com propriedade
sobre a terrível constatação de que éramos um povo sem memória que não dava a
mínima para nossa história. Achei-o bastante sóbrio e seus comentários bem
pertinentes. Esse fato se repetiu pelos próximos dias e logo desenvolvemos
certa amizade. Era uma relação diferente, uma amizade delimitada àquele
momento. Josué, conhecido como Dico, vinha quase todos aqueles dias me filar um
cigarro e conversar um pouco. Meu amigo do intervalo era bastante inteligente,
educado e costumava impedir que seus conhecidos baderneiros se aproximassem
dele no momento em que estávamos juntos. Contou um pouco de sua vida, de como
perdera o emprego e tinha ido parar na rua. Falávamos de política, dos últimos
acontecimentos, de amenidades e outras coisas. O que eu achava estranho era que
quase toda vez, depois de qualquer assunto, Dico voltava a falar do prédio
abandonado diante de nós. Em certa ocasião me disse que o mesmo seria demolido.
Lamentava muito esse fato e disse que estava pensando para onde iriam os
fantasmas. Achei engraçado essa preocupação e ri. Ele me olhou sério e disse
que eu também podia vê-los. Que bastava olhar com atenção para a entrada do
prédio à noite ou em suas janelas. Disse que eles paravam ali, diante das
portas fechadas com tijolos ou surgiam nas janelas que ainda estavam abertas.
Depois daquele dia, mesmo duvidando das histórias de meu amigo, passei a olhar
para o imóvel quando estava saindo do trabalho. Mas não conseguia encara-lo por
muito tempo. Perguntei a Dico certa vez porque era tão interessado naquele
prédio. Ele falou que quando jovem, trabalhara no lugar, primeiro emprego,
época da primeira namorada, alguma independência, o início da vida adulta,
grandes sonhos. Acreditava que quando morresse sua alma viria ali pensar e
visualizar esse tempo. Achei isso comovente e ficamos vários minutos em
silêncio contemplando o velho imóvel. Alguns meses depois soube que meu amigo
morrera. Fora encontrado morto encolhido sob uma marquise na época de um
rigoroso inverno. Eu estava de férias na ocasião e não o via há algum tempo.
Voltei ao trabalho e vi que o prédio querido de Dicon estava reduzido a um
monte de entulho. Em algumas semanas o terreno foi limpo. Um estacionamento foi
construído ali. O tempo passou, parei de fumar. Mas num melancólica fim do dia,
saindo do trabalho, parei e olhei para o estacionamento e vi Dicon parado
diante dos automóveis, o olhar perdido. Senti um arrepio. Era ele mesmo?
Caminhei em sua direção. Ele então me olhou, sorriu e desapareceu diante dos
meus olhos. Minha vista escureceu, cambaleei de volta, tentando pegar meu caminho.
Melhorei, mas ao invés de pegar minha condução, sentei num daqueles barezinhos
do centro, pedi um Chopp, cigarros. Fiquei bebendo e fumando, olhando à
paisagem. E quando eu me tornasse um fantasma? Também viria contemplar com
tristeza os lugares por onde vivi?
ROSTOS DERRETIDOS (Conto de terror)
Foi
depois de uma festa que Fernando começou a ver coisas estranhas nos rostos das
pessoas. Ficou pensando se não fora o efeito da bebedeira. Só Deus sabia o que
tinha ingerido no meio da empolgação. Talvez alguém até lhe tivesse oferecido
alguma coisa com alguma droga nova e temerária. Era uma juventude doida e
inconsequente. Fernando percebeu aquele fenômeno visual no outro dia pela
manhã, ao descer até a recepção do seu prédio. O rosto do homem da portaria
parecia distorcido, flácido além das possibilidades anatômicas. E assim foi com
algumas pessoas que viu a caminho do trabalho e lá no banco, no rosto de
colegas e clientes. Não falou nada para ninguém e esperou que até o fim do dia
aquilo passasse. Se for algo no meu sangue, logo isso acaba. Mas no outro dia,
a coisa continuou, parecia até pior e Fernando começou a ficar preocupado. Foi
ao oftalmologista que escutou tudo com expressão confusa. Como assim, só no
rosto? Só com algumas pessoas? `Perguntou. Após os exames, nada foi constatado.
Mas realmente não fazia sentido que fosse um problema de visão, pois ele
enxergava normal, era apenas a face das pessoas que estava diferente. E nem
todas. De relance, via o rosto normal, reconhecia-os, logo depois, na segunda
olhada, via a mudança. A cara de muita gente ao seu redor despencava,
tremulava, tomava formas impossíveis, ficava prestes a escorrer, se recompunha
e voltava a se alterar. Nada além disso, mas começou a ficar perturbado além do
suportável. Que era aquilo? E por que uns sim e outros não? Indagava Fernando.
Buscava lembrar da noite de bebedeira, do que fizera. Nada. Via no espelho seu
rosto tal como era. Contou isso para um amigo que riu. Sentiu-se solitário em
sua desgraça. Recorreu a diversos gurus... Até mesmo um pastor metido à
exorcista. Não houve êxito. Fernando pediu licença no trabalho e quando não
conseguiu justificar o pedido, começou a falta-lo. Passava os dias trancado,
bebendo. Quando saía para renovar o estoque de bebidas, conferia no rosto das
pessoas o problema. O tormento continuava. Apesar de em outros aspectos, as
coisas não terem mudado, Fernando não conseguia se resignar. As vezes pensava
que poderia viver com aquilo sem maiores preocupações, mas simplesmente não
conseguia. Cogitou mesmo até em tirar a própria vida. Desistiu e seguiu
tentando ainda compreender aquela situação. Percebeu duas coisas: que as formas
tortas começaram a mudar e que as pessoas que conhecia de rosto alterado,
tinham algum problema de caráter. Ficou ainda mais atento, vendo que as mudanças
das faces adquiriam formatos bastante monstruosos. Viu rosto sobre rosto, um
satânico e outro humano. Não demorou a constatar que as pessoas deformadas
tinham demônios em suas vidas. E era simplesmente isso.
A LENDA DE GEORGE GORE (Conto de terror)
Ele
era uma mistura de todos os clichês possíveis. Recluso, perturbado, tinha
histórico de abandono e abuso. Maltratou animais na infância, foi um
delinquente, fugiu de casa, deu entrada no juizado de menores. Seu padrasto
encontrou mais motivos para espanca-lo e a mãe justificou seu exagero no álcool
pelo desgosto com o filho único. George alcançou certa serenidade aos dezessete
anos ao se interessar pela vida dos serial killers famosos. Passava horas
lendo, vendo filmes. Em pouco tempo sabia tudo sobre a vida de Bundy, Ed Gein,
Dahmer, Albert Fish e demais matadores notáveis. Foi exatamente por isso e por
seu gosto por filmes com muito sangue que colocaram nele o apelido de George
Gore. Como era estranho e mórbido não teve muitos amigos e logo chamou a
atenção dos encrenqueiros da escola. Acabou abandonando os estudos e conseguiu
um emprego num posto de gasolina onde lavava carros. Mas logo foi despedido
quando foi flagrado esquartejando um cão no terreno baldio atrás do posto. Daí
em diante vagou de um serviço a outro. Sua mãe se separou do padrasto nesse
tempo. Surpreendentemente parou de beber. Começou a sair com um homem
evangélico e foi embora com ele. George Gore ficou sozinho e foi aí que começaram
seus crimes. Gore tinha começado a se envolver com pessoas barra pesada, em sua
maioria viciados em crack. Convidava-os para sua casa e então os matava,
esquartejava e enterrava no quintal. Quando o mau cheiro chamou a atenção dos
vizinhos e a polícia descobriu os corpos, se iniciou uma caçada. Ele fugiu e
passou a ser procurado por todo o estado. O inusitado nisso, foi que George
acabou sendo morto pela polícia quando regressou para própria casa. Encurralado
pelas autoridades, lançou mão de um facão e foi abatido à tiros. Alguns meses
depois, foram encontrados pelas redondezas que George Gore costumava
frequentar, corpos esquartejados. Seu modos
operandi. Um homem da vizinhança do assassino, alegou ter sido atacado por
ele certa noite, escapando por pouco. Indignado, o sujeito acusou a polícia de
ter mentido: - Eles não mataram aquele desgraçado – repetia o homem
transtornado. Foi assim que surgiu as especulações sobre George Gore, assim
como sua lenda. Alguns afirmavam que a polícia matou um drogado qualquer e
disse ter liquidado com o assassino, outros que Gore realmente foi morto pela
polícia, mas agora voltara dos mortos para continuar sua sanha de
esquartejador. Em casa, os pais assustavam as crianças com a imagem dele, na
escola, os moleques perturbavam uns aos outros com história de George Gore, o
filho de todos os serial killers que ultrapassara as barreiras da morte.
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