Apresento aqui os cinco melhores livros de terror que li na vida. É uma sugestão, mas também uma clara homenagem a essas grandes obras que me divertiram e influenciaram.
A COISA - Stephen King
Esse dispensa apresentações. A obra que segundo o próprio autor, é o seu melhor livro. Sem dúvida um dos romances do gênero mais incríveis. Um grupo de crianças luta contra um ser sobrenatural que assume a forma dos medos pessoais. Tudo acontece em Derry, a famosa cidade assombrada de King. Agora o grupo, depois de tantos anos, tem que voltar a lutar contra o ser sem nome.
O ILUMINADO - Stephen King
É, mais uma vez o mestre. Ele realmente é o rei. A história assombrada do hotel Overlook onde um homem vai enlouquecendo e ameaça a família. É impossível ler e não se imaginar naquele lugar com suas histórias terríveis.
HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS - Edgar Allan Poe
Poe não pode ficar fora de nenhuma coleção de livros de histórias assustadoras na minha opinião. Ele tem várias coletâneas. A que mais me marcou foi esta, que inclui o tenebroso conto Gato preto. Se você ainda não leu, precisa ler.
A FLORESTA DOS SUICIDAS - Jeremy Bates
E que tal um livro recente? Jeremy Bates conseguiu me surpreender e deixar angustiado nesse livro. Um grupo de turistas americanos - tinha que ser, né - decide passear pela floresta de Aokigahara, a floresta mais assombrada do mundo, conhecida pelos seus inúmeros suicídios anuais. Logo eles se perdem e percebem que algo maligno os cerca. O que chama a atenção é que Bates escreve algo verossímil, tão convincente que aceitamos qualquer explicação para o que espreita o grupo na floresta.
O EXORCISTA - William Peter Blatty
Outra obra que dispensa apresentações. Como essa lista é bem básica, não posso deixar de colocar esse livro. Todo mundo que se interessa por terror deve ter visto o filme. O livro, bem, esse vai lhe trazer o terror de uma maneira mais profunda. As discrições da possessão na garota Reagan são incríveis.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
domingo, 16 de dezembro de 2018
SÓCIOS INFERNAIS (Conto de terror)
Ele acorda no meio da
noite extremamente assustado. Tem a impressão imediata de que há algo errado.
Se ergue de seu leito só de papelões. Não tivera tempo para conseguir uma cama
de verdade. Claro que não. Agora tem que conferir tudo, talvez até pegar em alguma
arma para se defender. Olha em volta, mas com a limitada iluminação das luzes
da rua é difícil ver alguma coisa. Fica parado pensando se deve ou não acender
a lâmpada do quarto. Chamar a atenção à toa ou se expor tão subitamente, não seria
nada perspicaz. Espera mais uma pouco. Não escuta nada além dos sons comuns da
noite. Tudo normal. E ela? Estaria bem? Melhor conferir. Eram somente os dois
naquela função. Mas era bom também ver a guarda, a defesa, o bicho lá embaixo.
Levanta-se devagar no escuro. Tinha todo tipo de inimigo. Anda devagar, fazendo
o mínimo de barulho possível. Acha melhor pegar a pequena lanterna, a que é um
chaveiro, excelente para ocasiões como aquela. Ligar a lâmpada seria mesmo
imprudente. Tateia no cantinho da parede. É lá que colocou as coisas. As armas,
faca, a pistola. Acha as chaves, onde está a pequena lanterna, mas isso faz
barulho, coisa que o irrita. Aperta as chaves todas juntas na mão para não tilintarem
mais. Acende a pequena lanterna e se espanta por iluminar muito. Mas claro, nem
devia se admirar. Estava muito escuro, qualquer coisa faria uma enorme
diferença. Até um fósforo. Ilumina a metade do quarto, movimenta devagar o foco
em direção a ela. Com cuidado, se estiver dormindo não gostaria de desperta-la.
A borda da luz encontra parte do corpo deitado, caído lá. Que bom que não foi o
rosto logo, certamente ela iria acordar com a luz nos olhos. Ilumina somente até
seu ventre. Para e observa o movimento, a respiração regular. É uma bela visão,
sua pele tenra, seu corpo. Apenas uma calcinha branca. Inocente, pura, o que a
fazia perfeita para o propósito. Fica um tempo observando a barriga dela
subindo e descendo num ritmo próprio. Isso era bom. Não achava que ela
estivesse fingindo. Provavelmente dormira mesmo. Tinha passado por coisas
terríveis e outras piores viriam ainda. Estava se sentindo absolutamente sereno
com esse pensamento quando o barulho lá embaixo chama sua atenção. Muda rapidamente
o foco da lanterninha, se dirige até a porta com passos silenciosos e mais
rápidos possíveis. No caminho apanha a arma. Apesar de confiar na guarda, não
deve descer desprevenido. Cruza o corredor, chega as escadas, vai descendo pé ante
pé com ansiedade e determinação. Pode ser a polícia, algum parente da menina. Um
anjo? Vai haver sangue, pensa. Mas já está decidido. Há muito tempo, desde que
adentrara àquela vida. Trata de erguer a arma. Confiava na guarda, mas, nunca
se sabia, não era? Se aproxima da sala com cautela. Ilumina os cantos, a porta
da frente. Tudo está em ordem. Se sente relaxado totalmente desde que acordara.
Tudo está em ordem. A porta devidamente trancada. E a guarda operante como sempre.
O imenso demônio animalesco, metade cão, metade réptil. Um presente das trevas,
um auxiliar valoroso. Por vezes ficava fora de controle e arrancara dedos de um
ou outro, mas era normal. Qualquer cachorro mordia o dono uma vez ou outra, que
se podia dizer de uma criatura dos infernos? Fazia parte de todo o pacote negociado
com o próprio Lúcifer. Vidas e sangue para ele, exatamente como a menininha sequestrada,
presa lá em cima. Em troca de poder, boas vendas de drogas, dinheiro, crias do
inferno – que estranhamente duravam só um mês, mas facilmente substituídos – e todas
as coisas que acompanham os pactos que se faz com as trevas. Até mesmo uma noite
de vigília com uma sequestrada naquele barraco imundo como aquele. Amanhã seria
melhor, pensa enquanto passa a mão na criatura. Uma pessoa comum morreria do
coração só em ver aquela besta.
domingo, 9 de dezembro de 2018
DEMONS IN THE SKY (Conto de terror)
Comprei
a chácara por um preço realmente incrível. Depois de tudo que houve, lembrei
daquelas histórias repetidas à exaustão de pessoas que compram casas assombradas
por preços inacreditáveis. Mas a chácara não era assombrada. Nunca foi. O
problema é que recebia visitas. Estranhas e aterrorizantes visitas. E isso não
era exclusividade do meu recém adquirido imóvel, como viria a descobrir logo
depois. Fui com meus familiares, amigos e seus parentes para a chácara a fim de
aproveitar o final de semana. O primeira vez na minha propriedade, conquista de
anos e anos de esforço, trabalho. Chegamos por volta do meio dia, nos
estabelecemos e fomos cuidar do almoço. Foi pura descontração com o churrasco
assando e as cervejas consumidas alegremente. Havia ali uma piscina rudimentar
onde combatemos bem o calor. E assim seguiu o dia, horas de pura descontração
em que esquecemos da rotina que nos cansava." Fim de tarde, uma comida
leve e mais algumas cervejas. Veio a noite e as crianças foram dormir, exaustas
de tanto se divertir. Ficamos tomando algumas cervejas e conversando sobre
amenidades. Depois de algum tempo ficamos em silêncio ouvindo o som dos grilos
e cigarras, olhando o céu estrelado – muito diferente do céu visto na cidade – e
alguns até começaram a cochilar em suas cadeiras de praia. Eu já tinha tido a
resolução de convocar a todos para nos recolher quando vi um clarão surgir por
detrás da serra que contornava o horizonte, para além do mato que circundava a
chácara. “Que é isso gente?”, indagou Andréia, minha esposa. Nossos amigos
voltaram suas atenções ou despertaram de seus cochilos. Todos olhamos e vimos
um objeto oval, gigante e luminoso se aproximar. “Isso é um disco voador, minha
gente”, disse Marcão. Independentemente do que fosse, eu não queria ficar ali
para descobrir. “Vamos entrar, pessoal, vamos entrar”, gritei, segurei na mão
de Andréia e corremos para a casa. Os outros me seguiram, mas não sem antes
gritarem e tropeçarem em cadeiras e uns nos outros. Chegamos até a casa, uns
mais assustados que outros. Tomei a frente e fiquei com a porta entreaberta
vendo o que era aquela coisa. Marcão, Érico e Naldo se postaram próximos para
olhar também. O restante, tomado de medo, não quis ver. Foi então que a
bizarrice tomou conta da minha propriedade diante de meus olhos tão pouco
acostumados a coisas anormais. Aquele clarão chegou sobre a chácara e se desfez
em vários pedaços que caíram como flocos de neve. E cada ponto luminoso daquele
se transformou numa criatura esbranquiçada, desforme e indescritível. Os que
caíram na minha propriedade ficaram andando de um lado para outro, parecendo
fungar como animais, examinando as coisas ao redor, ora caminhando ereto como
homens, ora rastejando como bichos. Olhei para meus amigos e vi a expressão de
espanto e horror em seus rostos e soube também que eu devia estar igual. Os que
tinha ficado afastados, vieram espiar o que acontecia, mas se voltavam
assustados repetindo a pergunta: “Que é isso, meu Deus?!” Continuei olhando,
analisando a situação. Se aqueles monstros viessem em nossa direção, teríamos
que pegar as crianças, correr para nossos automóveis e fugir o mais rápido
possível. Falei disso para o grupo, mas eles mal pareceram me ouvir. Marcão foi
o único que acenou com a cabeça. “Será que são extraterrestres? ”, indagou
Naldo. “Não! Vieram naquela espécie de nuvem brilhante e caíram se espalhando
por todos os lados”, falei. “É claro que são extraterrestres”, disse Manuela
depois de uma rápida olhada. “Vamos embora, gente”, alguém pediu choroso.
“Essas coisas são demoníacas”, falei e no meu íntimo tudo corroborava para
aquela afirmação. “Extraterrestre vem em nave, não voando no ar como nuvem! ” E
então nesse momento as criaturas fizeram um barulho conjunto, se juntaram e
correram saltando os limites da propriedade. Pareciam um grupo de bichos
fugindo num estouro de manada.
Ficamos acordados até de manhã.
Deixamos apenas as mulheres dormirem e fincamos em vigília, preparados para fuga,
a madrugada toda, tomando café, falando sobre o incidente e olhando pela
janela. Não houve mais sinal algum daquelas coisas. Fomos embora de manhã
exaustos e em silêncio. Demorei um mês para voltar à chácara e quando o fiz,
fui antes nos meus vizinhos indagar sobre o ocorrido. Na primeira visita
encontrei um senhor que não se espantou nem um pouco com minha descrição. Ele
disse que conhecia bem o fenômeno. “São demônios que caem do céu. Estão por
aqui só de passagem, não precisa ter medo. Apenas evite estar à céu aberto
entre meia noite e meia noite e dez. Antes e depois não tem perigo. Todo mundo
por aqui já viu esse negócio. É só tomar cuidado”, narrou o homem com uma calma
espantosa. Outra pessoa, de ares religiosos, travou rápida conversa e concordou
com o velho. “São as potestades do ar descritas na bíblia”, explicou. Depois
voltei a frequentar o lugar para praticar meu lazer. Alertava meus novos
visitantes sobre o acontecimento – que não acontecia em todas as ocasiões – e
as vezes mostrava, na segurança da minha varanda, aqueles demônios caindo do
céu.
domingo, 2 de dezembro de 2018
FAMOSOS (Conto de terror)
Rafael Silva, conhecido na internet como
Ra Fear gozava de certa fama com os vídeos que ele e um amigo faziam sobre
lugares supostamente assombrados. Sua mais famosa filmagem, o casarão da água
verde, tinha pouco mais de duzentos mil acessos. Isso era suficiente para o
rapaz pousar de subcelebridade entre os conhecidos sem maiores questionamentos.
Rafael estava sempre procurando lugares supostamente assombrados para explorar.
Junto ao amigo, Ednardo, conhecido como Eddie. Além do casarão da água verde,
aventura mais dispendiosa da dupla, eles tinham ido a uma casa onde
supostamente vivera um canibal, cujo fantasma diziam aparecer em noites de
sexta feira. Invadiram um cemitério tarde da note para filmar, visitaram as
ruínas de um hospital psiquiátrico, e uma chácara abandonada com a fama de
abrigar outros tipos de duendes e almas penadas. Além de meia dúzia de outros
lugares famosos por aparições. Rafael e Ednardo, de verdade, nunca registraram
de fato algo incrível, mas compensavam isso com um programa de efeitos
especiais. Nada muito exagerado para não ficar óbvio a simulação, mas sombras
sutis, silhuetas quase indetectáveis no fundo do vídeo além de efeitos sonoros,
garantiam um material curioso e com público certo na quase infinita Surface. O
último trabalho deles, porém contém algo escabroso, ainda não explicado
totalmente. E não é fruto da engenhosidade ou criatividade dos rapazes, isto é
certo. Rafael e Ednardo, ou, como gostavam de ser conhecidos, Ra Fear e Eddie,
pegaram seus equipamentos, suas motos e se aventuraram a ir fazer imagens de
uma pequena residência abandonada nos limites da cidade. Diziam que a casa
tinha fantasmas e era assombrada desde que fora construída. A fama, explicavam
os rapazes no início do material encontrado, se dava porque que o lugar fizera
parte de uma imensa fazenda do século XVII que tinha inúmeros escravos. Segundo
os rapazes, que fizeram razoável pesquisa sobre o lugar, a casa ficava
justamente onde era o pelourinho. Onde incontáveis escravos haviam encontrado a
morte através de suplícios terríveis. A reconstituição, baseada no material dos
rapazes, indica que eles chegaram ao local por volta das dez da noite. Fizeram
uma prévia do ambiente, filmando diversas panorâmicas e depois começaram a
fazer imagens do perímetro da casa. Nesse momento percebemos os rapazes falando
de barulhos inaudíveis (que se supõe seriam introduzidos na edição do material)
e repetindo frases de efeitos. Nesse momento fica claro que Rafael e Ednardo
produziam filmagens básicas para depois manipular à vontade no computador.
Depois segue-se imagens no interior dos restos da casa. Com excelente material
de iluminação podemos ver os detalhes dos cômodos, o que causa estranheza são
os movimentos do cinegrafista. São súbitos, repetidos, simulando o tempo todo
um cinegrafista descuidado que se move espontaneamente. Em dado momento se
escutam imprecações ininteligíveis e Eddie, que estava filmando, baixa a câmera
e conversa nervosamente com Ra Fear. – Caralho, tem alguém aqui, cara – ele
fala. E o que acontece depois não parece nenhum pouco simulação. Nenhuma imagem
mais é captada com propósito. O rapaz simplesmente corre com o equipamento na
mão sem se preocupar em registrar coisa alguma. Ouvimos o som do vento, dos
passos e gritos assim como uma voz grave, dando ordens monossilábicas. Algo
semelhante a alguém guiando um animal. Em nenhum momento achamos que aquilo é
algo feito para impressionar. É um material cru, descuidado de verdade e
perfeitamente verossímil. Depois de outros gritos a câmera vai ao chão e fica
filmando a relva por duas horas seguidas. Ao fundo ouvimos os gritos dos
rapazes, urros e depois apenas o som da noite. Rafael e Ednardo foram
encontrados por um agricultor no outro dia com as gargantas dilaceradas. Apesar
do registro do material em vídeo, ainda não se tem ideia do que casou suas
mortes. Teorias exageradas da internet surgiram dizendo que havia um feitor que
costumava degolar os escravos. Seus dias tinham chegado ao fim quando dois
negros o capturaram e lhe deram o mesmo destino. Agora no além, continuava a
luta onde contendores degolavam uns aos outros eternamente. E quem invadia
aquele local estava sujeito à guerra entre torturador e escravos. Alguns meses
depois o material dos rapazes caiu na rede e a visualização do vídeo atingiu
cerca de mais de oitocentas mil visualizações.
Assinar:
Postagens (Atom)